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"Como se não lhes bastassem a ameaça permanente do desemprego [trabalhadores europeus] e o aumento exponencial do custo de vida, o Conselho de Ministros do Emprego e Assuntos Sociais aprovou, na semana passada, a proposta, de uma directiva que eleva de 48 para 60 horas o limite da semana laboral, mediante acordo da entidade empregadora com o trabalhador. "
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"Por isso, sendo certo que, segundo a directiva, a expansão do horário depende sempre da anuência do trabalhador, "o problema é que, se lhe derem a capacidade de decisão a esse nível, numa circunstância de crise, ele aceitará condições impensáveis", alerta António de Sousa Uva, catedrático de Saúde Ocupacional na Escola de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa."
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"De acordo com os observadores, essa espécie de escravatura consentida seria altamente lesiva. Drenando toda a energia ao trabalhador, que lhe restaria para o exercício de uma cidadania participativa, ou, se quisermos reduzir a questão à escala individual, para simplesmente acompanhar a educação dos filhos? Neste âmbito, trata-se de um contra-senso: "Quando a Europa quer fomentar a demografia, com políticas orientadas para a natalidade, aumentar o tempo de trabalho é um paradoxo", repara Graça."
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"Aquele docente da Escola de Direito da Universidade do Minho só encontra uma explicação para o empenho britânico, e anuência da maioria dos governos da UE, no aumento do tempo de prestação laboral: "Tem a ver com o facto de a Europa se encontrar num esforço competitivo com outros espaços, como os asiáticos e os EUA, onde as regras relativas a um conjunto de prestações sociais são diferentes (ver infográfico), o que acarreta alguma perda de competitividade da UE", declara."
Gostava de perceber que vantagem se vê nesta medida. Esforço competitivo com países asiáticos?! Talvez a concorrência que a Europa precisa não seja por esta via, mas sim pela diferenciação com trabalhadores mais qualificados, mais motivados e com serviços e produtos de melhor qualidade, maior diversidade e de maior valor acrescentado. Procurar a especialização em vantagens competitivas que não seja a exploração da mão-de-obra, como os países asiáticos fazem.
Num período em que o desemprego está a aumentar, a mim parece-me que uma medida destas só irá agravar ainda mais o desemprego. Para quê contratar mais um trabalhador, se os dois que eu tenho cá podem fazer mais horas?! É menos um salário, menos impostos... Dar a possibilidade de escolha aos trabalhadores?! Poupem-me!
E numa Europa envelhecida em que o crescimento/manutenção da população é promovido por fluxos migratórios, para que é que se gasta dinheiro a subsidiar políticas de natalidade para virem medidas destas deitar tudo por terra?!
. "60 horas de trabalho, 90...